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Lisbon, Portugal (Oct. 30, 1999)

Re: A nossa infância

Posted By: Pedro Marques <[email protected]>
Date: Friday, June 2 2000, at 3:00 p.m.

In Response To: A nossa infância (Diogo Neto/João Rodrigues)

> Srs. José Francisco e Ricardo Antunes:

> Sempre tentámos esconder as vicissitudes que atormentaram as
> nossas vidas, mas, perante os factos por vocês relatados, somos
> obrigados a dar as nossas explicações que penso, nos ilibarão de
> todo o mal por nós causado.
> Depois de uma infância conturbada, saltando de orfanato em
> orfanato, com diversas passagens pela Casa do Gaiato de Pombal,
> resolvemos os dois descobrir a vida. Tornámo-nos cavaleiros
> solitários, escapámos da casa do Sr. Padre Armindo aos 10 anos.
> Aos 11, furtávamos máquinas de lavar a loiça, para revenda
> posterior numa banca da Feira Popular, em Lisboa. Aos 12,
> viciámo-nos em Super Cola 3® (nunca experimentem!). Aos 13 anos,
> após um mal sucedido assalto a uma papelaria, tudo isto para
> fazer face ao nosso vício, fomos colocados no Centro de
> Correcção Infantil de Paços de Ferreira, onde aprendemos a ser
> homens entre os burlões, e onde igualmente, como resultado do
> nosso vício, perdemos grande parte da nossa dentadura inferior,
> estando nós ainda à espera de vez para consultar o médico do
> Centro de Saúde da Quimigal. Portanto, não desespere, Sr.
> Ricardo Antunes, que nos próximos seis meses o nosso mau hálito
> que tanto o incomoda estará pelo menos, disfarçado.
> Aos 18 anos, depois de termos aprendido a arte da marcenaria,
> deixámos o Centro, tendo-nos fixado na zona de Leiria, onde nos
> temos dedicado a uma vida que roça o ilegal, mas que na
> realidade, é bem pior que isso. Sim, é verdade, burlámos o
> Centro Paroquial das Chãs, tendo vendido à Instituição 30
> Cristos, alegadamente em gesso, mas sendo estes na realidade de
> esferovite, o que gerou um problema na missa, dada a proximidade
> de uma vela.
> Mas sim, é verdade, o Sr. João Rodrigues foi mais longe.
> Conseguiu burlar o programa "Quem quer ser
> milionário?", já que chegou à pergunta dos 25.000 Cts,
> sendo já nessa altura considerado um génio por todos, com uma
> enciclopédia de bolso, estrategicamente no tampo da mesa do
> concurso.
> Portanto, como podem ver, todas as nossas acções malévolas,
> calculistas e permeditadas têm uma explicação lógica: o nosso
> crescimento foi adulterado durante os seus diversos estádios.
> Perdoem-nos, por favor.
> Respeitosamente,

> Diogo Neto Dalton (cela 315, bloco D, Estabelecimento Prisional
> de Alcoentre)
> João Rodrigues Dalton (quarto 216, Sheraton Hotel, Lisboa)


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